quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Fevereiro começa com destaque para emprego nos EUA

SÃO PAULO - O mês de fevereiro começa com destaque para o dado sobre criação de empregos nos Estados Unidos. A ADP, empresa que processa folhas de pagamento, mostra o comportamento do emprego no setor privado e a previsão é de que foram abertas de 200 mil a 250 mil vagas, contra 325 mil em dezembro.

Ainda nos Estados Unidos, os investidores conhecem o índice de atividade industrial de janeiro, os gastos com construção em dezembro, a variação semanal nos estoques de petróleo e a venda de automóveis no mês passado.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta o Índice de Preços ao Produtor, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) e o Banco Central (BC) traz uma nova parcial do fluxo cambial em janeiro.

Na zona do euro serão divulgados indicadores de atividade industrial (PMI, na sigla em inglês) em janeiro.

Mercados na Terça-Feira

A terça-feira teve dois momentos distintos. A abertura foi francamente positiva, conforme os agentes reagiam ao acordo fechado entre os líderes da zona do euro, que além de acertar metas para o campo fiscal anunciaram medidas para estimular o crescimento e o emprego.

A tendência mudou depois que indicadores americanos ficaram aquém do previsto. O Conference Board mostrou uma queda inesperada no índice de confiança do consumidor. Antes disso, foi divulgada uma queda nos preços dos imóveis em novembro e uma leitura abaixo do previsto para o índice de atividade na região de Chicago.

Mas a instabilidade do dia não tirou o brilho do mês. As bolsas tanto aqui quanto lá fora tiveram forte valorização e o dólar perdeu para seus principais rivais.

A corrida aos ativos de risco teve suporte em alguns fatores, entre eles, as ações do Banco Central Europeu (BCE) que ajudaram na rolagem de dívidas soberanas e o aceno do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que o juro seguirá baixo até o fim de 2014 e de que não estão descartadas novas medidas de estímulos.

Além disso, já havia espaço para correção de preços depois de um fim de ano pessimista, além do movimento sazonal de grandes investidores no começo de ano.

Em Wall Street, o Dow Jones fechou o dia com queda de 0,16%, a 12.633 pontos. O S&P 500 recuou 0,05%, a 1.312 pontos. Já o Nasdaq teve leve alta de 0,07%, a 2.814 pontos.

Em janeiro, o Dow Jones e o S&P subiram 3,4% e 4,4%, respectivamente, melhor resultado para um mês de janeiro desde 1997. A bolsa eletrônica Nasdaq ganhou 8%.

No mercado de energia, o petróleo do tipo WTI caiu 0,3%, a US$ 98,48, e fechou o mês com leque queda de 0,4%. Já o índice de commodities CRB ganhou 2,3% em janeiro.

Bovespa

A disposição à tomada de ativos de risco teve forte impacto na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com ajuda de cerca de R$ 6,5 bilhões em capital externo, a bolsa brasileira fechou janeiro com alta de 11,1%, a maior alta mensal desde outubro e melhor abertura de ano desde 2006.

Ontem, o Ibovespa se descolou da instabilidade externa e fechou com alta de 0,48%, aos 63.072 pontos, maior pontuação desde 4 de julho de 2011. O giro financeiro atingiu expressivos R$ 8,778 bilhões.

"A magnitude da valorização do Ibovespa surpreende otimistas e pessimistas e o crédito é dado aos papéis de múltiplos bastante atrativos, à entrada de estrangeiros e à menor visão de quebra da Europa", disse o gestor da Grau Gestão de Ativos, Flavio Barros.

O especialista, contudo, se mostra reticente em estender esse cenário para o restante de 2012. "Não acho a alta consistente. O mercado tem que lembrar que o crescimento mundial será baixo. Ainda não foi consolidado um horizonte tranquilo para frente", destacou.

Câmbio

O último pregão de janeiro foi de grande instabilidade no câmbio local, mas os vendedores acabaram falando mais alto, como foi regra ao longo do mês.

Dos 21 pregões de janeiro, o dólar teve alta em apenas seis deles. Com isso, a moeda fecha o mês acumulando baixa de 6,53%, maior queda mensal desde outubro do ano passado.

Na relação inversa, o real foi a moeda com maior valorização ante o dólar no mundo neste começo de ano, dividindo o topo do ranking com o peso mexicano.

Todas as principais moedas emergentes e mesmo desenvolvidas ganharam do dólar em janeiro, conforme a menor preocupação com a zona do euro abriu espaço para uma retomada das posições em ativos de risco, que tinham sido abandonadas no fim de 2011.

No caso do real, os operadores chamam atenção ao elevado fluxo de recursos externos. Até a sexta-feira, dia 20, a sobra de dólares no mercado local passava dos US$ 6,654 bilhões.

Mesmo com a queda da Selic, a taxa de juros segue elevada para padrões internacionais, o que funciona como atrativo para investimentos. Fora isso, o mercado assiste a um aumento nas captações externas e também se espera a retoma das ofertas de ações (IPOs, na sigla em inglês).

Outra fatia do mercado, no entanto, enxerga esse movimento como pontual. A crise externa não foi resolvida e qualquer sinal de problema pode resultar em firme reversão desse fluxo de dólares.

O dólar comercial terminou a terça-feira com queda de 0,11%, a R$ 1,747 na venda. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto teve queda de 0,23%, a R$ 1,7455.

Também na BM&F, o dólar para fevereiro teve baixa de 0,57%, a R$ 1,739.

O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subia 0,20% a 79,29 pontos, depois de cair a 78,74 pontos. O euro perdeu 0,50%, a US$ 1,307, mas chegou a fazer máxima a R$ 1,321. No mês, o DXY perdeu 1,15%, enquanto o euro ganhou 0,85%.

Juros Futuros

Depois de quatro dias de firme queda, as taxas dos contratos futuros ensaiaram uma recuperação técnica na terça-feira, mas o movimento de alta ficou restrito ao período da manhã. Em meio à perda de força do tom positivo nos mercados, as taxas futuras devolveram os ganhos e encerram o dia próximas da estabilidade.

Mesmo com o sobe-e-desce ao longo da sessão, a curva de juros futuros continua sugerindo Selic de 9,5%.

Segundo o sócio e gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, concordando ou não, está claro que o governo vai buscar taxa básica de um dígito. Então não dá para apostar contra.

No entanto, ao menos por ora, não há espaço para aposta de redução de juros superior à já embutida na curva futura. Por isso, o mercado pode perder volatilidade nos próximos dias.

Na avaliação de Petrassi, a expectativa segue voltada ao pacote fiscal. Se o corte anunciado for elevado, na cada dos R$ 70 bilhões, o mercado pode ter nova rodada de ajuste para baixo, com investidores pensando em taxa mais próxima de 9%.

Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em fevereiro de 2012 ganhava 0,01 ponto percentual, a 10,32%. Março de 2012 mostrava estabilidade a 10,31%. Abril de 2012 não tinha alteração, projetando 10,12%. E julho 2012 marcava 9,73%, alta de 0,01 ponto.

Entre os longos, janeiro de 2013 operava estável 9,52%, depois de subir a 9,55%. Janeiro 2014 ganhava 0,01 ponto, a 9,97%. Janeiro 2015 devolvia 0,01 ponto, a 10,46%. Janeiro 2016 subia 0,02 ponto, a 10,78%. E janeiro 2017 se valorizava 0,03 ponto, a 10,90%.

(Eduardo Campos | Valor)

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