Em associação com o governo local, Fanavid deve atender o mercado de Cuba e exportar 80% de sua produção ao mercado caribenho e brasileiro.
A presidente Dilma Rousseff visita o
Porto de Mariel, que deve se tornar o principal símbolo do recente
processo de abertura econômica da ilha (Foto: Alejandro Ernesto/EFE).
Visando aproximar o Brasil do “ajuste”
no modelo econômico cubano, a presidente Dilma Rousseff, desembarcou
ontem, em Havana, Cuba, para sua primeira visita oficial à ilha.
Dilma tem encontro marcado com o
presidente cubano, Raúl Castro, e quer encontrar-se também com o
ex-presidente Fidel Castro, mas não abordará assuntos referentes aos
direitos humanos, apesar de seus assessores afirmarem que o governo tem
discutido esta delicada questão.
Por ora, o encontro deve concentrar-se
no interesse brasileiro em firmar projetos de cooperação em educação,
saúde e ocupar maior espaço na economia cubana.
A abertura econômica gradual de Cuba ao
mercado deverá ganhar forças com o projeto brasileiro de modernização do
Porto de Mariel, onde o governo local pretende instalar um polo
industrial, e a perspectiva de novos projetos brasileiros no país, como a
abertura de uma planta da Fanavid, fabricante brasileira de vidros de
segurança.
A parceria pretende transformar o Porto
de Mariel, a 40 km de Havana, em um dos maiores da América Latina. Serão
investidos, em 4 anos, US$ 957 milhões, dos quais US$ 682 milhões (71%)
financiados pelo BNDES.
Executada pela construtora brasileira
Odebrecht e prevista para terminar em janeiro de 2013, a obra inclui uma
“zona especial de desenvolvimento”, que abrigará indústrias voltadas à
exportação e ao mercado cubano.
Segundo diplomatas brasileiros, além de
ajudar Cuba em sua missão de “atualizar” o socialismo e diversificar
suas fontes de receitas, a ampliação do porto de Mariel abrirá
oportunidades de negócios para empresas brasileiras interessadas em se
instalar ou expandir as operações na América Central.
A companhia brasileira Fanavid,
fabricante de vidros de segurança automotivo e para construção civil, já
se prepara para construir uma unidade na ilha, em associação com o
governo cubano. A Fanavid deve atender o mercado local e exportar 80% de
sua produção ao mercado caribenho e brasileiro.
A instalação de empresas estrangeiras em
Cuba tem sido especialmente estimulada por medidas adotadas desde que
Raúl Castro assumiu o poder, em 2008, e que visam reformar o modelo
econômico cubano, paulatinamente abrindo-o à iniciativa privada.
Nos últimos meses, o governo também
cortou subsídios, desvalorizou o CUC (peso conversível cubano), eliminou
500 mil cargos públicos, autorizou a compra e a venda de casas e
permitiu a abertura de mais de 400 mil pequenos negócios.
Segundo diplomatas, os assuntos
econômicos e a cooperação bilateral devem dominar a visita da
presidente. Eles afirmam que Dilma não deverá fazer menções à situação
dos direitos humanos na ilha.
De acordo com a BBC Brasil,
a viagem da presidente ocorrerá 11 dias após a morte do opositor cubano
Wilman Villar. Ele morreu em meio a uma greve de fome pela qual
protestava por ter sido condenado a quatro anos de prisão.
O governo cubano, porém, disse que Vilar
estava preso por ter espancado sua mulher e que ele recebeu tratamento
médico adequado na prisão.
Fonte: Vidrado
Nenhum comentário:
Postar um comentário